É BOM PORQUE
Deixem-me já dizer-vos que Ann Patchett é uma das minhas autoras favoritas e inspiração pessoal para a minha própria escrita. Antes de mais, se não leram nada dela, leiam, por favor, Comunidade, que também encontram no Book Gang. E agora, vamos a esta obra-prima, um dos meus favoritos de sempre. Este livro é uma história familiar que gira em torno de uma casa, a Casa Holandesa, que o pai de Danny e Maeve compra a uma família de holandeses caída em desgraça após a guerra. E é aqui que crescem e vivem, numa casa e com os pertences, fotografias, pratos e quadros dos holandeses que, agora, são deles, quase como viver num museu. A narrativa vai alternando entre o Danny e a Maeve adultos e as suas vivências enquanto cresciam naquela casa até dela serem expulsos pela nova mulher do pai, que gostava não tanto dele, mas mais da Casa Holandesa. É um livro absolutamente revoltante, uma montanha russa de emoções, amamos estes irmãos, o laço entre eles e a forma como, juntos, se uniram contra um mundo que lhes falhou. E depois há a Casa Holandesa, quase um organismo vivo. Danny e Maeve adultos continuam a sentar-se nos seus carros em frente à Casa para ver um pouco das pessoas que ainda lá vivem, dando-nos a nós, leitores, uma raiva que se forma nas nossas entranhas, queremos pegar naqueles irmãos e abraçá-los para sempre. Este é daqueles grandes romances que nos leva numa viagem de décadas e nos faz explodir de emoções e, no fim, querer mais, mais, mais.
A Casa Holandesa de Ann Patchett
PONTOS A FAVOR
🏆 Finalista Prémio Pulitzer 2020
👭 Grande saga familiar
⌛️ Saltos temporais
⏰ Leitura lenta
SINOPSE
Em 1946, após a Segunda Guerra Mundial, Cyril Conroy, um homem pobre, enriquece repentinamente com um investimento fortuito. A primeira compra que faz é uma opulenta propriedade nos subúrbios de Filadélfia, nos EUA, antes pertencente a uma família neerlandesa, entretanto arruinada. Conroy muda-se, com a mulher, Elna, e a filha, a confiante e protetora Maeve, para a nova casa, na qual já nascerá Danny, o narrador desta história.
O que seria uma agradável mudança de vida, torna-se no desmoronamento de toda a família, numa espécie de paraíso perdido. Elna, incapaz de lidar com as mordomias da propriedade e respetivos empregados, termina o ca- samento e foge, deixando também os filhos.
Mais tarde, chega à propriedade uma madrasta, Andrea, uma jovem viúva com duas filhas, e os dois irmãos, Maeve e Danny, vão sendo afastados aos poucos, até que acabam expulsos da própria casa, devolvidos à pobreza, podendo contar apenas um com o outro para lidar com a perda, com a humilhação, com a raiva, até que um dia possam, enfim, confrontar quem os abandonou.
A Casa Holandesa, uma narrativa que percorre cinco décadas, é uma saga familiar, uma viagem lenta, sofrida, com personagens que ficarão para sempre connosco, como num conto de fadas virado do avesso.