Quando conheci a Helena Vasconcelos há uns meses num evento, falámos sobre feminismo e escrita e o quão difícil é ser uma mulher escritora em Portugal e ela disse-me que tinha alguns livros publicados e quando me disse este título, tive a certeza de que o tinha em casa, o que se veio a verificar ser verdade. Tinha-o comprado há uns anos porque achei piada ao título, mas acabou arrumado numa estante porque infelizmente há muita coisa boa que compro e só leio muito tempo depois e há que fazer as pazes com isso, lemos os livros certos no momento certo. E claro que peguei logo nesta leitura e foi uma viagem surpreendente. A Helena Vasconcelos é uma profunda conhecedora da obra de Jane Austen e este romance publicado em 2016 faz um paralelismo entre as heroínas de Austen e a heroína contemporânea, a personagem da Ana Teresa, a insatisfação, o não saber muito bem o seu lugar no mundo, as relações disfuncionais com a família, a busca pela felicidade, por um propósito, por sentir que está a fazer alguma coisa de útil e, ao longo da narrativa, as experiências da Ana Teresa mesclam-se com as personagens de Jane Austen numa crítica intemporal — a que a vida de uma mulher sem um homem e sem filhos é vazia. E tal como a obra de Jane Austen, também este livro é uma divertida sátira de costumes através das vivências da protagonista e das mulheres que a rodeiam, com foco nos temas que são abordados nas entrelinhas. Este é um romance que nos traz várias histórias paralelas e todas elas são intercaladas com reflexões sobre a vida e obra de Austen, o que na verdade me fez gostar ainda mais do romance que mistura ficção com ensaio literário. Que livro bom & que merece uma nova vida!
Não Há Tantos Homens Ricos como Mulheres Bonitas de Helena Vasconcelos
PONTOS A FAVOR
🗣️ Incentivo ao diálogo: família, encontrar um propósito, amor aos livros, relações disfuncionais
📚 Para os amantes de Jane Austen
🥲 Sátira social e crítica de costumes
🇵🇹 Autora portuguesa
SINOPSE
Uma resposta contemporânea aos romances e às heroínas de Jane Austen.
Helena Vasconcelos é uma profunda conhecedora da obra de Jane Austen e, neste seu primeiro romance, põe em contraponto o universo da escritora inglesa de oitocentos e o da heroína contemporânea, Ana Teresa DeWelt, jovem mulher do século XXI, que procura a felicidade, estudando incessantemente os seus indícios e ensinamentos, ainda que velados, na prosa austeniana. O papel das jovens adultas na sociedade do fim do século XVIII e início do século XIX (com os seus ritos, costumes, valores e preconceitos) não é certamente o mesmo nos dias de hoje. Muitas coisas mudaram nas sociedades e na maneira como valorizam, ou não, a mulher, mas nem tudo mudou.
Este divertido romance, cujo título foi retirado de Sensibilidade e Bom Senso, é também uma sátira de costumes e cumpre a «agenda» dos livros de Austen: debaixo da aparência de normalidade e conformidade com as regras (também literárias), observa e critica com ironia e subtileza, os meandros da família, da amizade, do interesse material, do desejo e do amor.















