Porque grandes histórias mudam o mundo
Escolhemos todos os meses leituras que nos fazem refletir, que nos ensinam, divirtem mas, acima de tudo, que elevam as vozes das mulheres. Acreditamos no poder dos livros para nos ensinar sobre o mundo através das histórias.








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A Paz das Colmeias
ficção histórica / escrito em formato diário
Escrito em forma de diário, esta leitura arrebatadora traz vislumbres de O Caderno Proibido de Alba de Céspedes, na forma como foca as limitações das mulheres na época através desta protagonista que escreve para si mesma. No prefácio, escrito por Mona Chollet, podemos conhecer um pouco mais sobre a autora (que faleceu em 1998) e o seu trabalho visionário, a forma como escreveu sobre feminismo e sobre a luta das mulheres muito à frente do seu tempo (por ex antes de Simone de Beauvoir). Neste A Paz das Colmeias, Jeanne vai escrevendo de forma clandestina no seu diário, onde nos apresenta um leque de mulheres com quem convive e fala sobre a sua necessidade de emancipação, quer pessoal, quer profissional. É nos seus pensamentos e relatos do dia a dia que lemos sobre as amarras que prendem todas estas mulheres nas suas vidas nas quais não têm qualquer controlo porque continuam sempre subordinadas aos homens. Pensar que este livro foi publicado inicialmente em 1947 (dois anos antes de O Segundo Sexo de Beauvoir) e já trazia todas estas questões sobre o silenciamento das mulheres para as quais mais tarde as feministas iriam inventar termos e nomes até então ainda não inventados. Absolutamente fenomenal! É um pequeno livro de leitura construtiva, reflexiva e emocionante!
De Quatro
contemporâneo / sexualidade
Estava há muito, muito tempo ansiosa com a chegada deste livro porque tenho uma espécie de relação de amor com leituras sobre mulheres ligeiramente perdidas numa jornada de auto-conhecimento, na verdade sinto que muitas de nós se sentem assim (eu incluída) e é refrescante abrirmos portas destas num romance. Acho que leitoras com menos de 35 anos talvez não se consigam relacionar com este livro porque é precisamente sobre as questões que fazemos a certa altura da vida — se aquilo que temos é suficiente. Temos esta personagem nos seus 40 e tal anos, casada, com um filho, de classe alta, artista, mais ou menos famosa, e que sai de casa para uma viagem planeada de carro até Nova Iorque, mas subitamente decide parar numa pequena cidade a meros km de casa e ficar lá num motel por causa de um rapaz que conhece na bomba de gasolina. É uma leitura com bastante sentido de humor, mas traz as reflexões que imagino que muitas mulheres a meio da vida se debatam sobre maternidade, monogamia, casamento, menopausa, o próprio corpo, a sexualidade e o que virá para nós na segunda metade da nossa vida. É também um livro que nos faz olhar para o desejo que se esconde debaixo das coisas mais absurdas do dia a dia e que muitas vezes nos faz sentir inibidas. Que livro maravilhoso!
Entre dois Mares
Ficção histórica / passado no Panamá
Este é um grande romance épico com a construção do canal do Panamá como pano de fundo e que nos traz um leque de personagens profundamente apaixonantes e que não consegui parar de ler porque somos transportados de uma forma imersiva para lá e para as batalhas, dores, vivências e lutas de todas as pessoas que ganham corpo neste romance. Por um lado, traz-nos um pouco de história e de aprendizagem, sobre como os EUA ofereceram dinheiro à Colombia para dar a independência ao Panamá, mas apenas porque queriam um canal para as suas próprias necessidades económicas. Neste romance, conhecemos então vários lados da história: de quem veio para o Panamá para ajudar a construir o canal, de quem resistiu à construção e de quem reclamou o que era seu por direito. É impossível não nos apaixonarmos pela jovem Ada que vai clandestina para lá em busca de trabalho ou o jovem Omar que quer trabalhar no canal mas o pai é contra a construção ou a Marian, esposa de um cientista que está lá para tentar erradicar a Malária, que se vê sozinha e abandonada num casamento e num país que não conhece. Já tenho saudades de todas estas personagens, que livro rico, vivo, emocionante e que explora a intersecção das vidas de ativistas, peixeiros, trabalhadores, jornalistas, vizinhos, médicos e adivinhos — aqueles que raramente são reconhecidos pela História, mesmo quando traçaram o seu percurso.
O Clube dos Livros Proibidos
ficção histórica / II Guerra Mundial
Para quem gostou de A Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata e de A Última Livraria de Londres, dois favoritos do Book Gang, este é um romance arrebatador sobre a ocupação nazi na ilha de Jersey e um conjunto de ilhéus corajosos, resilientes e que resistiram até ao fim para se salvar uns aos outros. Apesar de ser em grande parte centrado na bibliotecária Grace e na carteira Bea e no clube de leitura que serve de escape aos ilhéus, este livro é muito mais do que isso. Com os residentes a serem encorajados a denunciarem-se uns aos outros por quebrarem as regras em troca de rações extra, muitos são traídos por aqueles em quem antes confiavam, mas outros praticam diariamente pequenos atos de bondade, sacrifício, bravura e resistência face a estas adversidades. Ao longo do livro, e através das vivências de Grace e Bea, vamos conhecer os outros ilhéus e as suas histórias e batalhas pessoais, o isolamento, a solidão, o medo, a dor, o luto, mas também a amizade, a bravura, a resistência, o altruísmo e a compaixão. E claro, a forma como os livros salvam vidas. O que mais gostei é que, no fim, podemos ler toda a base de pesquisa da autora, traz também muitas fotografias e as pessoas verdadeiras nas quais estas personagens foram inspiradas, o que torna a leitura ainda mais arrebatadora.
Raparigas Brilhantes
ficção histórica / inspirado numa história real
Inspirado nos assassinatos reais de duas raparigas de uma república por Ted Bundy nos anos 70 (que aqui nunca tem nome precisamente porque são as vítimas que merecem nome e não o assassino que é sempre chamado de O Arguido), este livro extraordinário é-nos contado por Pamela, a única pessoa que o viu e que se torna a testemunha-chave. A partir daquela noite em que Pamela ouviu barulhos, desceu as escadas e encontrou as colegas assassinadas, a história começa a saltar no tempo, entre aquela noite e o presente, 40 anos depois. Nos dias a seguir ao crime, Pamela conhece Martina, uma mulher que viaja até lá porque sabe quem é o assassino — o mesmo que, anos antes, matou a sua amiga Ruth. A história interliga-se então entre Pamela, Martina e Ruth, para trás e para a frente, enquanto as duas fazem a sua própria investigação quando toda a gente lhes falha — a polícia, a imprensa, o tribunal. É um livro que surpreende, que emociona, que nos dá raiva, que cria uma tensão consistente e uma corrente de suspense que percorre toda a história, mas que nunca se torna sensacionalista. O título original Bright Young Women é inspirado nas palavras do juíz da Florida que chamou Ted Bundy de “a bright young man”, porque na verdade são as mulheres aqui que são brilhantes. Este é um livro sobre a incompetência masculina que pauta muitos dos casos de violência contra as mulheres e também uma crítica ao sensacionalismo dos media que tornou muitos serial killers em personagens gloriosas, místicas e brilhantes. Impossível parar de ler, um livro fantástico!
As Leoas de Teerão
ficção histórica / passado no Irão
Vocês sabem o quanto gosto de trazer para o Book Gang livros que nos ensinam sobre outras culturas e que mostram a resiliência das mulheres do mundo face às maiores adversidades. Neste romance magnífico, acompanhamos Ellie e Homa, duas raparigas de origens diferentes que se conhecem em crianças nos anos 50 e criam uma amizade que cruza as décadas seguintes, tendo como pano de fundo a revolução Iraniana. O livro traz-nos vários temas importantes, incluindo a classe social, o feminismo, os direitos das mulheres, o ativismo político, a revolução, a guerra, a cultura patriarcal, ao mesmo tempo que nos dá um vislumbre da vida e da cultura iranianas e de como as mulheres foram perdendo todas as suas liberdades até aos dias de hoje, onde as mulheres que ousam usar a sua voz contra a opressão são presas e mortas. O retrato que a autora faz da mudança da paisagem sociopolítica do Irão e as suas consequências está extraordinário e traz para a literatura um dos temas mais pertinentes nos dias de hoje — a luta das mulheres iranianas contra a repressão do regime aos direitos das mulheres. Brilhante, emocionante e inesquecível!