É BOM PORQUE
Estava há muito, muito tempo ansiosa com a chegada deste livro porque tenho uma espécie de relação de amor com leituras sobre mulheres ligeiramente perdidas numa jornada de auto-conhecimento, na verdade sinto que muitas de nós se sentem assim (eu incluída) e é refrescante abrirmos portas destas num romance. Acho que leitoras com menos de 35 anos talvez não se consigam relacionar com este livro porque é precisamente sobre as questões que fazemos a certa altura da vida — se aquilo que temos é suficiente. Temos esta personagem nos seus 40 e tal anos, casada, com um filho, de classe alta, artista, mais ou menos famosa, e que sai de casa para uma viagem planeada de carro até Nova Iorque, mas subitamente decide parar numa pequena cidade a meros km de casa e ficar lá num motel por causa de um rapaz que conhece na bomba de gasolina. É uma leitura com bastante sentido de humor, mas traz as reflexões que imagino que muitas mulheres a meio da vida se debatam sobre maternidade, monogamia, casamento, menopausa, o próprio corpo, a sexualidade e o que virá para nós na segunda metade da nossa vida. É também um livro que nos faz olhar para o desejo que se esconde debaixo das coisas mais absurdas do dia a dia e que muitas vezes nos faz sentir inibidas. Que livro maravilhoso!
De Quatro de Miranda July
PONTOS A FAVOR
🗣️ Incentivo ao diálogo: sexualidade, monogamia, casamento, idade, maternidade
😂 Com muito sentido de humor
📚 Estreia da autora em Portugal
🏆 Nomeado este ano para o Women's Prize for Fiction e para o National Book Award for Fiction
SINOPSE
Uma abordagem brilhante à literatura, em que os limites são sempre ultrapassados.
Uma artista californiana, que vive com o marido e uma criança num bairro de classe média em Los Angeles, planeia passar duas semanas em Nova Iorque. Terá exposições e espetáculos para ver, contactos a fazer, reuniões de trabalho e encontros com amigos. Com a quantia avultada de um prémio que acaba de ganhar, reserva um quarto num dos melhores hotéis da cidade e, depois de uma conversa durante uma festa, resolve fazer a viagem não de avião, mas de carro.
Não tendo avançado na viagem mais do que meio estado, ou trinta minutos depois de sair de casa, a nossa heroína sai da autoestrada para abastecer num lugarejo de província, e acaba a prolongar a sua estada, dia após dia, indefinidamente, no quarto de um motel que ela redecora e transforma - num ninho de amor? Numa obra de arte?
O que terá dado origem a esta bizarra decisão? Nem ela sabe. Terá sido o olhar trocado com um rapaz na bomba de gasolina? De Quatro é um romance rítmico, maravilhosamente lúcido e divertido e uma reinvenção terna da vida sexual, da vida romântica e da vida doméstica. July «rapta» o que nos é familiar e torna-o numa coisa nova, exaltante e profundamente viva.CRÍTICAS
Histórias divertidas e inteligentes, com momentos de total tristeza nas suas narrativas mais profundas e sofisticadas.
— The New York Times Book Review
Com De Quatro, as leitoras na perimenopausa têm finalmente o seu próprio O Complexo de Portnoy. Mas mesmo esta comparação não capta o imediatismo da prosa de July, o seu timing infalível, o seu sentido palpável de performance.
— Washington Post
Mostra os poderes de observação irónicos de July sobre o casamento, o sexo, o envelhecimento e o workaholism criativo, além do seu sentido de humor obsceno e filosófico.
— San Francisco Chronicle